terça-feira, 19 de maio de 2009

A formação de coleções: sob o prisma dos objetos semióforos



INTRODUÇÃO - Marcos Paulo de Passos
Conforme observa Murguia (2006), é a partir dos estudos empreendidos por Pomian (1998) acerca do conceito de objetos semióforos[1] que a Ciência da Informação pode resgatar aspectos de estudos da área relacionados ao colecionismo. Se por um lado o desenvolvimento de coleções nos reporta a aspectos administrativos de algumas áreas cobertas por estudos presentes na Ciência da Informação, quais sejam, arquivologia, museologia e, principalmente, biblioteconomia, por outro, implica resgatar uma prática antiga na história dos homens, o colecionismo de objetos, ou seja, a formação de coleções.
Neste contexto, pretendemos desenvolver um trabalho voltado para a compreensão da formação de coleções de caráter pessoal, já que estes podem – ou não – culminar na fundação ou implantação de instituições coletoras de cultura, tais como arquivos, museus, bibliotecas, entre outros centros. Nosso interesse está focado em considerar os aspectos intelectuais e afetivos envolvidos na relação colecionador/ objeto. Para tanto, pretende-se aprofundar nosso entendimento acerca de colecionismo e de objetos semióforos à luz dos estudos empreendidos por Pomian. Restringimos nosso enfoque às coleções fotográficas, primeiramente, uma vez que estas apresentam aspectos concernentes às observações do autor acerca de sua classificação de objetos. Os enquadramentos teóricos e metodológicos da pesquisa pretendem apresentar como textos basilares a movimentação e articulação de bibliografia presente tanto na Ciência da Informação quanto nas Ciências Humanas e Sociais, procurando sempre estabelecer a relação entre uma e outra, ainda que sob aspectos de convergência e/ ou divergência. Sem pretensão de apresentarmos nosso trabalho por ineditismo, pretendemos partir dos estudos realizados por Maria de Lourdes Lima em recente defesa de tese pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, na cidade de Marília em 2009. Precisamente, seus procedimentos metodológicos nos apresentam um norte referencial acerca dos aspectos presentes na formação e estudo de coleções do qual pretendemos avançar. Dessa forma, pretendemos nos apropriar do método e, em seguida, verificar sua aplicabilidade em outras fontes de informação contidas em diferentes tipos de coleções como, por exemplo, a filatelia, numismática, herbários entre outras.

[1] Semióforo vem do grego semeiophoros, composta por outras duas palavras: semeion – “sinal” ou “signo”, e phoros – “trazer para a frente”, “expor”. (cf. SILVA, 2008)

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