terça-feira, 9 de dezembro de 2008

O que é metodologia científica?

Resenha elaborada por: Rita C. Freire

CARVALHO, Alex et al. Aprendendo Metodologia Científica. São Paulo: O Nome da Rosa, 2000, pp. 11-69.

A EMERGÊNCIA DAS CIÊNCIAS HUMANAS:
A CONSTRUÇÃO DE NOVAS TENDÊNCIAS METODOLÓGICAS
NO CONTEXTO HISTÓRICO DO SÉCULO XIX

O século XIX se apresenta com algumas características peculiares, a primeira delas se referindo à continuidade das transformações engendradas pelas duas grandes revoluções: uma de cunho mais econômico – a chamada Revolução Industrial, iniciada na Inglaterra – e a Revolução Francesa, de natureza política, ambas na segunda metade do século XVIII.
As ciências humanas surgem como tentativa de compreensão das crises que então se instalam. Duas tendências metodológicas marcam e configuram a construção de novos objetos de conhecimento: o positivismo e o materialismo histórico-dialético.

O positivismo

O positivismo, fundado por A. Comte, está relacionado com o aparecimento da sociologia. O método proposto pelo positivismo para as ciências sociais deveria ser o das ciências da natureza:
1. Observação neutra, objetiva, desligada dos fenômenos, o que implica uma separação entre o sujeito produtor de conhecimento e seu objeto de estudo;
2. Valorização exclusiva do fato, tomado como aquilo que pode ser conhecido somente através da observação e da experiência.
3. Segmentação da realidade, ou seja, a compreensão da totalidade se dá pela compreensão das partes que a compõem.

A rigidez com que Comte concebe tanto o sistema social quanto o da natureza impede a compreensão da realidade como processo. Um exemplo disso é a sua dificuldade em aceitar a teoria da evolução de Darwin, uma vez que esta impede classificações fixas dos seres vivos.

O materialismo-dialético

O materialismo-dialético concebido por K. Marx constitui outra tendência metodológica que configura uma forma de conceber a realidade social. Os seus fundamentos são:
1. A base da sociedade e do próprio homem é o trabalho. As idéias devem ser analisadas a partir da compreensão do modo de produção (economia) que caracteriza um momento histórico de uma sociedade, o que não implica que as idéias estejam sempre em consonância com a ordem vigente.
2. O homem se faz historicamente, em condições determinadas, passa a ser determinado e determinante da/pela natureza e por outros homens, à medida que transforma a natureza para satisfazer suas necessidades básicas e, nesse processo, cria novas necessidades que se transformam também.
3. O conhecimento científico é uma ferramenta de compreensão e de transformação da sociedade humana, o que implica a ausência de neutralidade da ciência, uma vez que se estará analisando sempre uma formação histórica de um determinado ponto de vista: a classe explorada.
4. O conhecimento a-histórico se apresenta como aparência, uma vez que não revela suas condições históricas de produção. Uma análise histórica e dialética, portanto, seria aquela que alcançaria a essência dos fenômenos, revelando-os como inter-relacionados com outros fenômenos com os quais e a partir dos quais constituem totalidades dinâmicas.

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