quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Das bibliotecas convencionais às digitais: resenha

CUNHA, Murilo Bastos da. Das bibliotecas convencionais às digitais: diferenças e convergências. In: Perspectivas em Ciência da Informação, v.13, n.1, p.2-17, jan./abr. 2008. Disponível em: . Acesso em: novembro de 2008.

Novos paradigmas para velhos dilemas

O artigo apresenta, inicialmente, o resgate de um histórico de idealização e tentativas de concretização de um repositório que conseguisse armazenar registros bibliográficos e materiais que representassem o conhecimento humano. Mostra com isso, que idéia de reunir e disponibilizar acervos para pessoas em qualquer parte do mundo é uma idéia antiga e agora possível por meio da tecnologia existente, web e seus recursos.
Conceitua biblioteca convencional e biblioteca digital por meio de comparações entre ambas e apresenta suas semelhanças e diferenças dentro do contexto atual. Os aspectos de comparação focam a organização da informação, o acesso à informação, o aspecto econômico e ações cooperativas.
Sobre a organização da informação, o autor comenta sobre o conteúdo, que pode ser material antigo convertido no digital ou nascido já como digital e que não estejam sobre a vigência dos direitos autorais. Ressalta as habilidades profissionais bibliotecárias que atendam a esse contexto, incluindo habilidades ligadas à tecnologia e outros como comunicação, gerenciamento de projetos, problemas legais, captação de recursos. Ainda sobre os materiais, lembra sobre a natureza dos digitais que agregam e misturam formatos como dados numéricos, imagens, sons, entre outros, o que faz com que esforços sejam direcionados na análise de assuntos, controle de autoridades, identificação e avaliação do recurso informacional do que em uma catalogação descritiva.
Uma diferença fundamental, que se mostra até como um novo paradigma, é quanto ao acesso. A ênfase adotada pela biblioteca digital buscar ser maior no acesso e menor na coleção. O que se torna fundamental são as opções de acesso a informação e não a posse do documento em si. Isso significa que a posse do material deixa de ser relevante e o quê importa é a provisão de acesso ao material. A biblioteca como espaço físico perde para seu espaço e serviços virtuais.
Para a concretização de uma biblioteca digital ou a conversão de uma convencional para digital, inevitavelmente os custos não são gratuitos. A biblioteca terá que concentrar recursos na modernização de suas ferramentas tecnológicas e também se deve ter consciência de que nem toda a informação a ser disponibilizado está isenta de custos.
A maior parte das informações que se encontra disponível de forma gratuita na internet é de domínio público. Informações recentes, de fontes confiáveis, feitas por profissionais de área necessitam de autorização para a disponibilização e/ou estão ligadas a sistemas de propriedade intelectual.
Além disso, dentro do contexto digital, as bibliotecas terão que cooperar para sobreviverem. A cooperação, segundo o autor, é necessária por três razões: “os recursos humanos devem ter o conhecimento tecnológico demandado por inúmeras organizações; o estabelecimento de laços cooperativos aumentará o poder de barganha das bibliotecas em relação aos seus competidores; a ação de normas e padrões comuns terá impacto nas atividades de reciclagem dos recursos humanos e na adoção de tecnologias que focarão ações coopertavias”.

Fato é que a biblioteca convencional e a digital coexistem, cada uma com seus serviços e produtos, e também se relacionem, seja no fornecimento de materiais para digitalização ou no controle de qualidade das bibliotecas virtuais.
A capacidade de assimilar os novos paradigmas é fundamental para que a biblioteca possa reagir aos desafios, oportunidades e responsabilidades que se apresentam.
O artigo apresenta de forma concisa e pontual algum desses novos paradigmas que surgiram e continuam a surgir no cenário das bibliotecas, não só referentes a organização das coleções, acesso, mas principalmente em relação aos serviços e produtos.
O que realmente não muda é o foco no usuário, que sempre deseja e procura um sistema que recupere a informação com qualidade, de forma eficaz e fácil de utilizar.


SOFIA SAHEKI SKULSKI
Novembro 2008

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