quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Compra de trabalhos acadêmicos: resenha

Compra de trabalhos acadêmicos

O artigo do blog que trata da compra de trabalhos acadêmicos aponta alguns dos motivos principais que levam o alunado a utilizar os serviços de terceiros para compra de TCC, inclusive nos cursos de pós-graduação e até mesmo em mestrados e doutorados.
A insegurança, a falta de tempo, de interesse em pesquisa e pressão das empresas para executivos obterem um título, são fatores que desencadeiam a compra de trabalhos, segundo o artigo. Mas não apenas estes são motivos para o crescente comércio de trabalhos acadêmicos. Costumes antigos também contribuem para estimular a procura por quem possa desenvolver um trabalho que seja aceitável e resolva as obrigações com os cursos superiores.
Quando não existiam computadores os trabalhos tinham que ser datilografados, e nem todos sabiam ou tinham habilidades com as máquinas de escrever. Foi a partir desse momento que a contratação de datilógrafos para dar o formato final em trabalhos tornou-se uma prática comum, da mesma forma com o início da computação também surgiram os digitadores que realizavam os trabalhos. A existência desses profissionais sempre foi encarada de forma normal, porém com o passar do tempo o toque pessoal foi crescendo e os ajustes pessoais nos trabalhos ocorreram, resultando na possibilidade de cada vez mais a interferência no conteúdo fosse crescente, até chegar ao ponto de pedidos para a realização completa de trabalhos.
Evidentemente não são somente esses os grandes motivos para a compra de trabalhos, no caso dos TCCs, o espaço de tempo para desenvolvimento costuma ser pequeno, somando-se as normas de formatos, citações e referências como fatores complicadores, normas estas nem sempre de fácil entendimento e de execução clara, em alguns casos até especialistas na matéria ficam em dúvida sobre a correta aplicação das mesmas.
Um excessivo volume de trabalhos solicitados pelos professores concomitantemente com o TCC é também motivo para um trabalho encomendado. Imaginemos quantos textos devem ser lidos para que um trabalho possa ser desenvolvido a contento, não são todos os indivíduos que possuem tempo e facilidade para a leitura, o entendimento e a assimilação, para depois transformar em escrita e montar todo um trabalho.
Explicitar pesquisas, levantar hipóteses, construir o conteúdo de teses, exemplificar levantamentos bem como as conclusões, tudo isso de maneira clara e numa seqüência que faça sentido, é evidente que precisa ser treinado ou adquirir experiência ao longo de anos de exercícios contínuos.
A existência de normas relativamente rígidas para a realização de trabalhos acadêmicos, também dificulta muito a iniciativa e criatividade, chega até a restringir idéias inovadoras que podem trazer contribuições mais modernas e avançadas. As normas inflexíveis impedem a inovação e a fluência de conteúdos que possam se desenvolver de forma mais livre fornecendo um conhecimento de maior facilidade para entendimento, por conseqüência pode acontecer o desanimo em realizar um trabalho e apelar para a facilidade de comprar um.
Coibir e prevenir contra a compra de trabalhos, deve ser um constante pensamento das instituições, professores e orientadores, tanto com o intuito de evitar fraudes como também de estimulo para aqueles que realizam seus trabalhos a duras penas. Estes últimos muitas vezes perdem terreno para trabalhos comprados, que realizados por profissionais levam vantagem e são de melhor qualidade do que os realizados do próprio punho e sob as mais diversas condições de dificuldades. Neste caso os que se esforçam sofrem desistimulo, cogitando em comprar um trabalho na próxima oportunidade.
Acreditamos que deva existir uma flexibilização de normas com os trabalhos que não sejam de mestrado e doutorado, para que não tenham uma conotação de decisórios para encerramento do curso, são importantes mas não podem ter o caráter de “bicho papão” chegando ao ponto de atormentar e causar verdadeiro estresse, ocasionando em muitos casos até a pedidos de afastamento do trabalho para poder se dedicar inteiramente na realização de um TCC.
Neste momento em que o MEC colocou como exigência a realização de TCCs individuais para graduação e pós, poderia ser aproveitada a oportunidade para uma reflexão em relação às normas desses trabalhos, como por exemplo uma valorização no assunto e no conteúdo escrito, observando mais a iniciativa e criatividade individual, não tendo uma preocupação em seguir formatos pré-determinados e rígidos. Quem sabe estas atitudes não seriam altamente estimulantes para o surgimento de novas alternativas para um redimensionamento e redirecionamento de tendências mais voltadas a extrair o que os indivíduos possuem como conhecimento.
Permitindo que exista uma maior liberdade de expressão sem as restrições de muitas normas, seria dada ênfase para que todos possam expor suas opiniões mais livremente sem ter que seguir uma espécie de roteiro que pode causar um achatamento de idéias, tirando a espontaneidade e a direção inicial pretendida, resultando em uma padronização de trabalhos que pode até se tornar maçante.
É também possível coibir a prática da compra de trabalhos, com medidas relativamente simples para cercear a iniciativa desta atitude. Os professores ao longo dos cursos poderiam solicitar pequenas e rápidas redações individuais, de assunto decidido na hora durante as aulas. Ao confrontar as redações com um trabalho qualquer do mesmo aluno, fica fácil e evidente, verificar se foi o mesmo que escreveu, pois logo salta aos olhos a maneira peculiar de escrita e até o uso de expressões que cada um utiliza. Sem contar que essas redações podem ser uma excelente maneira de estimulo e aprofundamento para desenvolver a estruturação e realização de bons trabalhos.
Modestamente a intenção é de iniciar uma discussão sobre o tema, que possa indicar uma ou mais direções para extirpar de vez com o problema, não será a aplicação de penalidades ou atribuição de culpabilidade que irá resolver a questão. A principal meta é melhorar e elevar a qualidade dos trabalhos desenvolvidos nas instituições acadêmicas do país, com o intuito da melhoria de vida do brasileiro, pela apresentação de trabalhos científicos consistentes, elevando a credibilidade do Brasil frente ao exterior.

Clovis Pinheiro

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